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A COLMEIA: O INÍCIO - Capítulo 1.

Escrevo este diário para que ele sempre me lembre os motivos de chegarmos ao ponto que chegamos. Esse não era o destino que pretendíamos chegar e esgotamos todas as tentativas para alcançar o equilíbrio de forças. Esse semente já estava tão enraizada, que mesmo começando tudo do zero, tentando dar as melhores orientações, dissipando toda e qualquer rivalidade, quando menos se esperava, essa face aparecia e se voltava contra nós. A ganância, a sede de poder; a luxúria; o orgulho... não escapou nenhum pecado. Todos eles emergiam dos corações já apodrecidos na menor oportunidade. Pensávamos que se educássemos a nossa maneira, se aplicássemos todas as ferramentas a fim de extirpar esses prejudiciais sentimentos da nova sociedade, teríamos sucesso, mas não foi nem de perto o que aconteceu. Fora necessário a medida extrema e a punição máxima. Tivemos que tomar para nós a nossa própria culpa e responsabilidade. Era mais fácil quando se podia jogar a culpa em um opressor teórico, aquele em que nos debruçávamos em atrelar todas as mazelas do mundo. Extirpado o opressor... restou apenas nós. E à nossa face se revelou o mal do mundo: o verdadeiro espelho. Não existe escolha sem renúncia e a escolha que fizemos não é digna de orgulho, nem sequer digna de vergonha. O que foi feito, foi feito para evitar a repetição de um ciclo que nunca se encerrava. Conseguimos achar o equilíbrio das coisas, não sem muita dor e sofrimento. Quem optou pela nova realidade, precisou fazer sacrifícios imensos. A escolha era uma só: ou aceita os termos, ou aceita as consequências. Algumas fugiram, mas, sendo monitoradas, não resistiram à nova realidade, dando fim às vidas com as próprias mãos; outras que, sem saber que estavam sendo monitoradas, orquestrando revanches, foram prontamente abatidas. Foi a escolha que fizemos. E podemos não estar completas, mas ao menos estamos livres.

Diário da Anciã. Parte 1.

------ Fim do Capítulo 1 de "A Colmeia: O Início".

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