Sobre As Redes: Redes Sociais e o Soft Power.
Para entender sobre todas essas movimentações envolvendo as Redes Sociais e a geopolítica, é necessário compreender o conceito de Soft Power.
Na postagem da semana passada, fizemos uma introdução a esse tema e você pode conferir aqui:
Soft Power, em tradução livre Poder Brando, se opõe ao Hard Power, em tradução livre Poder Bruto, em que o Hard Power, do ponto de vista da geopolítica, implica os poderes econômicos e bélicos das nações, enquanto que Soft Power implica a noção de uma dominação por meio da imposição de uma cultura sobre a outra, mas não de maneira impositiva, e sim de maneira cativante, sedutora, influenciando a cultura de um lugar em outras culturas. O termo Soft Power foi cunhada por Joseph S. Nye Jr. na sua obra "Soft Power" que ainda não possui tradução para o Português, mas você pode encontrar comprar aqui na Amazon.
Eu já li a obra e para exemplificar seu conceito, basta você observar o quanto de filmes hollywoodianas a sua cultura importa versus a que ela exporta; o quanto de música estrangeira importa versus a que ela exporta. Aqui no Brasil, por exemplo, importamos muita música americana e inglesa e falhamos em exportar nossa música até para os países vizinhos latino americanos. Os mangás e animes foram exportados para as mais variadas culturas do mundo todo possuindo nome e estilos próprios e inconfundíveis e permitindo a difusão da cultura japonesa em outras culturas; a Coreia do Sul investiu fortemente em seus doramas, novelas coreanas, e na música, os K-Pop, fazendo esses estilos explodirem mundo afora, trazendo, grandes benefícios para esses países e não apenas no setor do turismo, mas no setor de venda de produtos correlacionados e afins, que por sua vez impacta no setor industrial e por aí vai.
A esse tipo de investimento pesado em setores culturais próprios, chamamos de Economia de Cultura. Por sua fonte de recursos ser inesgotável, afinal a criatividade é uma fonte de recurso inesgotável, a Economia de Cultura vem sendo usada por muitos países mundo afora para ganhar notoriedade e espaço no cenário internacional e, pelos exemplos acima citados, podemos que ver que funciona. Quem nunca quis ou conhece alguém que desejou se mudar para os EUA em busca do famoso "sonho americano"? O ideal de sonho americano é uma ação estratégica que contou com a ajuda da indústria fonográfica e cinematográfica usada para vender a ideia de que o sonho de qualquer habitante neste planeta é morar nos EUA, pois é lá que você poderia realizar todos os seus sonhos; o que sabemos ser algo muito longe da realidade, até mesmo porque, se você tentar ir para lá, não deixarem e você tentar entrar no país dos sonhos de maneira irregular, a possibilidade de você viver o seu pior pesadelo é forte.
Compreendendo o conceito de Soft Power, já fica mais fácil compreender o porquê de termos notícias de algo que superficialmente pode parecer tão trivial, mas que nas suas profundezas indicam uma forte disputa por poder e dominação como foi o caso do possível banimento do Tik Tok nos EUA, confira aqui:
No cenário geopolítico, do ponto de vista do Hard Power, vemos os EUA e a China disputando para ver qual país será ou se manterá como a grande potência econômica que, no caso, hoje é comandada pelos EUA, mas que vem perdendo espaço significativo pela China, cujo desenvolvimento, apesar da massiva campanha de difamação contra o país, se deu através do desenvolvimento de políticas internas de crescimento de nação; isso se opõe de frente ao crescimento dos EUA que se deu e ainda se dá por meio do patrocínio de guerras mundo afora, quase que na condição de mercenários, e que ganhou seu poder ao emprestar para as nações europeias envolvidas na 2ª Guerra Mundial o dólar, que até vem sendo usada como moeda universal e que está, pontualmente, correndo o risco de ver transações internacionais com troca direta de moeda sem passar pelo intercâmbio do dólar. Um detalhe importante que gostaria de ressaltar é que, apesar de a China possuir um partido chamado de Partido Comunista que há anos rege o governo chinês, do ponto de vista econômico, países como a China e Rússia, não são países Comunistas e sim Capitalistas de Estado, ou seja, cabe ao Estado inserir, investir e proporcionar o desenvolvimento industrial e estratégico do seu país e não às companhias privadas, como é o caso dos EUA.
Ora, se os países estão em disputas, de Soft e Hard Power, onde uma cultura se sobrepõe sobre outras, dominando os setores culturais, por óbvio que as Redes Sociais são as maiores responsáveis por esse impacto, uma vez que é por meio dela que essa difusão ocorre em velocidade acelerada. Se antes, para você conhecer a música coreana, você provavelmente teria que escolher aquele país como destino turístico, hoje, por meio das Redes Sociais, você pode saber sobre absolutamente quase tudo de um país acompanhando os próprios nativos em seus perfis e assim, pessoas encantando pessoas, culturas - com investimento governamental ou não - envolvidas nesse processo de troca e conhecimento, podemos ver que as plataformas tem sido ferramentas primordiais e indispensáveis para se aplicar o Soft Power.
Sabemos também que não apenas de divulgação de cultura são feitas as Redes Sociais. Podemos nos lembrar do escândalo envolvendo o Facebook na manipulação de eventos políticos mundo afora, o qual, inclusive, o próprio Brasil foi vítima como falamos no Sobre As Redes: CEO do Tik Tok no Congresso Americano. Ouso dizer que as Redes Sociais tem hoje maior impacto nas massas do que as mídias, que, inclusive, fenômeno que podemos pontuar, usa recorrentemente os assuntos em alta das Redes Sociais para formular suas matérias. As matérias jornalísticas investigativas hoje aguardam ansiosamente uma bomba aparecer nas redes para, então, averiguar os fatos. Tem sido raras - ao menos aqui no Brasil - as ocasiões em que são os jornalistas que trazem os furos e isso, aí sim, ganha notoriedade nas redes (lembrando que isso não é uma regra, mas tem sido assim).
Ou seja, não podemos ser levianos em achar que Redes Sociais são apenas Redes Sociais. Há todo um jogo de poder por trás disso e é importante estar atento à esses fenômenos.
Não, amigos, não é apenas uma Rede Social e isso vale para todas.
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Contem nos comentários o que vocês acham a respeito disso e a gente se vê na próxima postagem.
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