Opinião: O que me impede de falar sobre a Rússia e a Ucrânia?
Pelos motivos, óbvios, o assunto da semana é sobre a invasão da Rússia na Ucrânia. E por que eu não trouxe aqui no blog temas relacionados a isso? O que me impede de falar sobre a Rússia e a Ucrânia? O motivo é muito simples: além da cautela ao se analisar situações extremamente complexas, que envolve reunir uma vasta gama de informações que precisam ser pertinentes e relevantes para o tema, as informações do jornalismo brasileiro estão simplesmente muito aquém do que se esperaria de uma cobertura sobre um evento de tamanha relevância histórica e impactos no mundo. Se a gente tenta fazer qualquer pesquisa no Google, esbarra com matérias jornalísticas com corpo de texto iguais e, ainda por cima, parece que o posicionamento da mídia brasileira passou a ser "agradar" ao público, ao invés de "informar" o público, que é o que ela deveria estar fazendo. As matérias da mídia foram tão absurdas, que o uso de imagens de jogos de vídeo foram usadas para ilustrar ataques na Ucrânia:
O JORNALISMO DE MILHÕES! Record e Jovem Pan transmitem imagem de jogo de videogame “Arma 3” como se fosse da guerra na Ucrânia. pic.twitter.com/HSETGmRVF1
— UpdateChart (@updatechartuc) February 26, 2022
Tragicamente, esse não é mérito da mídia braileira, afinal, a mídia israelense também usou imagens do filme Star Wars:
Notícias do Canal 13 de Israel sobre a guerra na Ucrânia.
— Wil (@BolsoPatriota22) March 2, 2022
Apenas um pequeno problema: A filmagem é do filme Star Wars!
Detalhe da foto abaixo do vídeo. pic.twitter.com/CGe3htT0m4
No meio da Guerra Híbrida¹, essa que não cessa nunca, após eu recolher uma vasta gama de informações que ainda não tinham sido comprometidas pelo posicionamento fácil de criar narrativas envolvendo vilões e mocinhos, o que, em se tratando de geopolítica, nunca é o caso, não nem vilões, nem mocinhos, recolher dados e informações confiáveis passou a ser um enorme desafio: primeiro você tem que esperar sair, depois você precisa ver se alguém não descobriu um furo no furo da matéria. Uma verdadeira tragédia jornalística. Afinal, mais do que se posicionar, como se fosse um jogo de futebol em que você simplesmente escolhe um lado, é preciso compreender os eventos que sucedem e motivam os embates, sejam eles bélicos, sejam eles diplomáticos, e estudar com cautela o que provocou aquilo, para, finalmente, analisar com igual cautela o que está ocorrendo, os desdobramentos dela e, por fim, as consequências que aquele cenário irá gerar.
Portanto, eu não posso de me dar ao luxo de chegar aqui no blog dando posicionamentos fáceis que foram previamente monitorados, observando os ânimos das pessoas e entregar um conteúdo maniqueísta que irá ajudar na difusão errada e equivocada de como se deve analisar fatos e fenômenos históricos. Para trazer um conteúdo de qualidade sobre tema de tamanha relevância, as mais diversas vozes de especialistas deveriam ser ouvidas e mostradas ao público, a fim de promover a elucidação e não a alienação.
A coisa é tão grave, que você consegue observar o movimento da mídia em criar espaços de reposicionamento - depois de tudo que saíram falando as pressas; depois do notório fato de que não havia nenhum interlocutor nesses países que estivesse acompanhando os fenômenos, estes já sendo anunciados há meses - para criarem novas narrativas ao passo que o desagrado da opinião pública começa a ficar latente quando se vê o nítido e notório esforço em criar narrativas, inflamar e manipular opinião pública.
Portanto, além do fato de eu não ser uma especialista em geopolítica, nem uma repórter ou jornalistas que está a par dos fatos, e embora geopolítica seja um assunto que muito me interessa, é isso que me impede de vir dar minha opinião sobre o tema de maneira mais efetiva aqui no blog.
Sim, eu já coloquei meu posicionamento no Facebook, no Twitter e sou uma das pessoas que tem cobrado uma cobertura ampla e imparcial da mídia, porque isso distorce a nossa percepção das coisas e eu queria, sim, eu queria muito, depositar a minha credibilidade nesses profissionais, mas tem sido muito difícil nos últimos anos. Claro, não sobre todos os assuntos; mas sempre que são assuntos de extrema relevância, eu esperava ter informações o mais fidedignas possíveis sobre os eventos, para, dessa forma, compreender o que se passa, e não sair por aí levantando bandeirinhas como se torcidas fossem permitidas quando o que se está em jogo é a vida e o futuro das pessoas. Por que é não sobre torcer ou concordar, é sobre compreender o que está passando. Até mesmo porque, o que eu acho ou deixo de achar não vai mudar em nada os fatos.
E você? O que tem achado de tudo isso? Conta aí nos comentários.
¹Guerra Híbrida: clique aqui para saber mais.
Parabéns, penso o mesmo e você não me pagou por isso...rs
ResponderExcluirObrigada pelo elogio xD
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