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A COLMEIA - CAPÍTULO 8
Enquanto aguardavam todas aguardavam a reunião, a porta se abre, a secretária aparece e cochicha algo no ouvido da presidente, que prontamente se levantou e saiu seguida da secretária. As outras não entenderam muito bem, mas só restava aguardar. Após uma longa demora, retornou.
- A reunião está cancelada. As outras já foram avisadas.
A pesquisadora e a médica suspiraram aliviadas.
- Menos com vocês duas, vocês duas ficam.
Mal chegou o alívio, rápido se foi.
- Será uma reunião com nós quatro que aqui estamos. Sentem-se.
As duas se acomodaram. De certa forma, a curiosidade suprimiu a angústia em que estavam minutos atrás.
- Vocês vieram hoje aqui, e bem sabem, que o motivo era dar explicações do motivo de estarem nascendo tantos bebês masculinos, o que não era para acontecer, visto que a reprodução da Colmeia é feita de maneira artificial e todos as características do feto já são pré-estabelecidas. Sabemos que a natureza nem sempre vai agir de acordo com as nossas vontades, mas o caso de reincidência constante e também o comportamento anterior de vocês colocou em cheque a idoneidade de vocês na condução do programa. Vocês sabem disso, não sabem?
Direto na veia. A Rainha não tinha tempo a perder. Ela não ia ficar de rodeios e nem eufemismos. Quando tinha que lidar com alguma situação, fazia isso de maneira rápida e fria, sem rodeios e sem margem para equívocos e má interpretações. Todas as suspeitas são postas as mesa, todas tem a possibilidade de compreender exatamente o que está acontecendo, sem permitira que a imaginação faça um trabalho ora excessivo, ora simplório e ineficiente demais.
Acenaram com a cabeça. Já sabiam, não precisava contra argumentar, afinal, estava claro que mais informações chegaram.
- Faríamos essa reunião para que vocês nos explicassem, porque até a semana do parto, estava claro se tratar de XX e quando nasce, é um XY. Com tanta tecnologia, como podia isso ser possível, certo?
Concordaram todas.
A Anciã, do outro lado da mesa, observava a conversa com a cabeça ligeiramente caída para o lado e as mãos segurando uma a outra em seu colo. Ela já tinha pensado sobre o caso, mas algo acabou de acontecer e isso vai mudar tudo.
- Recebi uma ligação da outra colônia. Vieram nos perguntar se esse problema estava acontecendo com a gente também e nos informaram que já foi detectado em diversas outras colônias e que vão fazer um levantamento para descobrir as causas.
A Anciã fez um gesto de erguer o corpo de quem se preocupa com uma situação e entra em alerta, mas nada fala, somente respira, visivelmente seu rosto estampava preocupação e surpresa.
- Vou perguntar: vocês se voluntariam a participar desse levantamento junto com as outras colmeias?
- Claro, sem dúvidas. - responderam as duas. Apesar de não serem boas notícias do ponto de vista geral, era boa notícia para elas. Isso provava que o que aconteceu, não aconteceu por erro, equívoco ou até vontade delas. Por outro lado, a situação era terrível. São bebês... bebês!
- Então, daqui a 3 dias voltem com o material completo dos históricos de casos, nos forneçam uma preliminar dos dados: intervalo em que aconteceram os casos, quando foi descoberto, o que inviabilizou ser detectado, enfim, absolutamente. Nós queremos estar a par de toda a situação, a reunião acontecerá com as demais, Combinamos assim?
- Sim. - responderam acenando com a cabeça. Apesar do prazo curto, bastava que elas apenas que elas organizassem a apresentação. Os dados, intervalos, informações, elas já tinham e já vinham monitorando há tempos. Bastava apenas organizar e apresentar os dados.
- Estão dispensadas. Obrigada.
Se levantaram e saíram. Enquanto se aproximavam da porta e, consequentemente, uma da outra, se olharam e o ar que lhes entrava tão pesado nos pulmões, agora estava mais leve. Saíram, fecharam a porta e quando entraram no elevador, seguraram a mão uma da outra, os olhos debulhados... Os tempos vão mudar e elas sabiam disso.
- O que você acha disso? Me responda sinceramente. - perguntou a anciã.
- Acho que a gente precisa entender que não somos donas da natureza e que ela tem suas próprias motivações. Uma pena que as motivações dela, sejam diferentes da nossa.
"Seria isso verdade?", pensou a Anciã. A natureza admite essas organizações e exemplo na natureza é o que não falta. Por que só contra elas é que a natureza iria se rebelar?
Manteve-se reflexiva mais uns tempos, algo está errado ou é assim mesmo? Só o tempo trará respostas.
- Vou me retirar. - disse a Anciã.
- Ok. Ficarei aqui mais algum tempo.
- Fique o tempo que for necessário.... o tempo que for necessário. - repetiu a última frase como que um alerta. Saborear os momentos de calmaria antes da tormenta. Quem tem sabedoria que o faça.
------ Fim do Capítulo 8.
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Plágio é crime previsto pela Lei 9.610/98 e medidas cabíveis serão tomadas em caso de apropriação indevida.
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