Natacha Macsan
Essa sessão, Musicou, Sextou!, eu ia estrear antes dos eventos que sucederam em decorrência da pandemia. Será uma série de entrevistas com amigos músicos contando suas trajetórias, projetos e afins. Hoje, excepcionalmente, antes de começarmos com o quadro de entrevistas, eu gostaria de dedicar essa postagem para homenagear o meu querido amigo e professor Alfredo "Doca" Machado que nos deixou ano passado em virtude de um câncer pulmonar.
O Alfredo foi um excelente violonista, tocava como ninguém, com um a personalidade incrível, simpático e sempre acolhedor, que dava risadas altas e umas tiradas excelentes em cada conversa que você tivesse o prazer de ter com ele. Alfredo foi, além de meu professor, um grande amigo meu. Várias vezes saímos da Escola de Música Villa-Lobos para tomar uma cerveja e jogar conversa fora, onde ele me falava de suas "ordinárias" e eu dos meus, e assim, entre outras conversas, estabelecemos boas e longas conversas por muitos anos. Porém, a última vez que eu o encontrei, enquanto eu ia a seu encontro toda feliz e sorridente, ele me deu deu um olhar tão triste; apesar de minhas várias tentativas de falar com ele, ele parecia sempre distante e evasivo, e, como eu não sou o tipo de pessoa que insiste muito em outras pessoas, no sentido de que, se a pessoas quer ter o espaço dela e não me quer ali, eu simplesmente deixo estar. Após ser notificada de seu falecimento, fez sentido para mim o olhar tão triste que ele me lançou quando me viu. Possivelmente ele já sabia da doença e talvez não tivesse forças para me contar o que estava acontecendo, prevendo, talvez, que eu ficaria muito sentida com a notícia e a pessoa que está enfrentando o problema, acaba tendo que lidar com as suas questões psicológicas e também daqueles que os amam, porque sabem a dor profunda que sua ida irá deixar e tudo isso torna o momento realmente muito doloroso, portanto, eu entendo porque ele tentou se "esconder" de mim, mas gostaria, do fundo do meu coração, que ele tivesse me dado a notícia, para que eu pudesse ter sido uma amiga para ele durante seus últimos momentos aqui, na terra dos vivos.
Ao meu amigo Alfredo, fica meu profundo pesar, a notícia me impactou demais, e eu espero que, com essa singela homenagem e por todos os momentos que passamos juntos, você saiba, onde quer que esteja, que as lembranças que eu tenho de você estarão sempre em um lugar especial no meu coração!
Comigo ainda guardo o caderno de cifras escrito a mão por você que eu sempre pratico e o que eu nunca te disse, meu estimado amigo Alfredo, é que eu te considerava como um padrinho, coisa que eu nunca tive, mas um padrinho de vida e da música. Sentirei muitas saudades. Descanse em paz! Sorte dos que te tem por perto agora e dos que tiveram a oportunidade de te conhecer.
Para sempre sua amiga, Natacha.
Clique aqui para ver uma belíssima perfomance do Alfredo com a Elza Maria.
Clique aqui para ver as impressões de seu também ex-aluno Heitor Zagetto.
Clique Aqui para saber mais sobre a trajetória do Alfredo na estimada Escola de Música Villa-Lobos.
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