Natacha Macsan
Um dia desses eu estava assistindo a um dos últimos vídeos de um show que a Amy Winehouse se apresentou antes do fatídico dia que levou essa marcante cantora de nós. Ela cantava com muita dor "Back to Black" (assista aqui), uma canção de autoria próprio e autobiográfica. Todos sabiam que a música tinha um valor emocional muito forte e, pelas imagens, é realmente doloroso conseguir enxergar a olhos nus o sofrimento tão latente que saía do seu olhar, da sua postura física e da sua voz. Ela entrou sendo vaiada pelo público público porque ela não queria cantar essa música, era uma música que tinha um impacto muito forte nela. Quando eu assisti o vídeo, eu fiquei realmente comovida. Sabe quando você tem uma daquelas vontades de ter tido a oportunidade de ter conversado com aquela pessoa e a plena convicção de que você poderia ter ajudado ela naquele momento? Esse é o sentimento que eu tive. E o que eu diria para a Amy? Eu diria para ela transformar as suas composições em cura e não em mais dor e sofrimento. Eu, enquanto compositora, possuo músicas que são muito marcantes para mim, significam muito de um sentimento e experiências que eu vivi, que eu compus enquanto meu coração estava partido e minhas lágrimas escorriam pela face. A composição me serviu como remédio e não como veneno. Eu tenho plena consciência de que eu poderia tê-las transformadas em veneno e ter deixado que aquilo intoxicasse todo meu corpo me entregando apenas à dor, vez após vez, mas eu as transformei em cura, em uma oportunidade de transformar aquilo que passei em poesia pura, bruta e visceral, em música. Eu tenho músicas assim, que nasceram das minhas vísceras espalhadas pelo chão, quando o corpo já está todo estilhaçado do corte profundo de uma lâmina invisível, mas quando eu toco as músicas, apesar de eu me embebedar de todo o sentimento e por certo permitir que esse sentimento apareça na interpretação, afinal, sem isso, a letra e a música ficam vazias de significado, eu sinto imenso orgulho da música que criei. Pode não agradar a todos os gostos, pode não corresponder com o esperado pelo grande mercado, nem nada disso, mas o que nasceu do que eu passei é sentimento bruto que veio a ser lapidado e se transformou em arte, que conseguiu traduzir tudo aquilo em algo existencial; deixou de ser abstrato, passou a ser concreto.
Certamente, não me leve a mal, eu não tenho a menor intenção de parecer arrogante ou presunçosa achando que minhas humildes palavras de ajuda poderiam ter minimizado qualquer efeito em uma pessoa que teve uma vida tão turbulenta como a da Amy, mas eu quero reafirmar isso para mim e dizer isso para você: toda dor pode ser transformada em beleza; a dor do parto cria um amor incondicional entre, ao menos, duas pessoas; a dor do sentimento pode ser transformada em poesia, música... arte! Não permita que a dor te domine sem dar um significado a ela. Transforme isso em algo útil e, de preferência, belo!
"We only said good bye with words... I died a hundred times... You go back to her... And I go back... I go back to... black."
💕AMOR E LUZ ,GALERA. UM BEIJO ENORME NO CORAÇÃO!💕
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